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domingo, 22 de julho de 2012


Ergonomia dos afectos – 22.7 2012

Torna a tua vida difícil .

Vê o que há de belo em quase tudo.

O contrário é muito fácil .

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Infelizmente as dores também.



Muitas vezes ouço dizer que em momentos de crise, quando um animal é encontrado na rua, ferido, abandonado, perdido, atropelado, ou uma pessoa deixa de poder cuidar do seu animal de estimação e pretende entregá-lo para adopção numa associação animal, estas “fecham a porta na cara” às necessidades do momento, consequentemente ao dito animal em perigo de duplo abandono. E na maioria dos casos, é verdade. Fecham mesmo a porta.

Nas situações em que me vi aflita e a precisar de ajuda, uma com um animal atropelado nos braços e em visível sofrimento e outra a precisar de albergue temporário para 10 cães, “todas as portas onde bati se me fecharam na cara”. Ninguém podia, ninguém tinha espaço. Mesmo a pagar, ninguém se ofereceu para me dar uma alternativa, uma sugestão, uma solução efectiva.

Como cidadã comum, sem qualquer vínculo ao meio da protecção animal, tive de lutar sozinha, de esgravatar, de puxar pela imaginação ( que em momento de aflição parece que se nos varre toda do cérebro), de “fazer das tripas, coração” e “do bofe, razão”, para conseguir minimizar a frustração de querermos ajudar um ser em sofrimento e a única coisa que aparentemente conseguimos é ficar com um problema nas mãos sem uma boa solução. Porque como diz o ditado popular, “ o que não tem solução, solucionado está”.

Aprendi com estas e com mais algumas lições que para que os outros queiram fazer um sacrifício, nós temos de querê-lo muitíssimo mais. E demonstrá-lo por palavras, por actos até que alguém se emocione e aja. Aja em consonância com um objectivo: resolver não um mas todos os problemas semelhantes.
Mas para que a vontade alheia de ajudar seja efectiva é preciso que estejamos conscientes do essencial. É preciso que queiramos e consigamos ficar presos à nossa vontade. Não basta “obrigar” os outros a ajudar. Não basta entregar o embrulho e desejar boa sorte. Não basta desejar felicidades. Temos que estar. Atrás, à frente, ao lado mas estar. Agir pouco, agir muito mas agir. E se não se souber o que fazer, saber parar e perguntar: O que posso fazer? E cumprir religiosamente essa vontade.


Hoje, depois de um longo percurso na protecção animal, sei porque é que tantas portas se fecham. Porque estou do lado de dentro. Porque já abri as minhas e ficaram escancaradas a ver um desfile de intenções, de saudações, de promessas, de louvores banais e de poucas acções reais. Quando uma associação fecha a porta a um animal em aflição é porque esta já foi arrombada muitas vezes. E a solidariedade é tanto mais limitada quanto menos vontade solidária houver. Ora se mesmo num acto solidário, a intenção for pedir ajuda e não se somar ajuda ao acto, este é mais uma soma de encargos para quem já os tem de sobra. Não há milagres na multiplicação dividida. (2x2=4:2=2)


As associações de protecção animal, em Portugal, são um somatório elevado de animais para cuidar, para tratar, para destinar, de impotência perante carências financeiras, humanas e de tempo. Mas são também um somatório de dores. Muitas dores perante o sofrimento a que se assiste, impotente sobre o que não consegue fazer. Das portas que se têm de manter fechadas. Da raiva pela indiferença, injustiça, e até pela pena. As dores que vão destruindo as forças de quem um dia destinou em si a sua vontade para agir. E não vão ficando os mais resistentes. Apenas os mais alheados.

Há uma frase popular que diz: As atitudes ficam com quem as comete. Infelizmente neste caso, as dores também.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Foi longo o inverno

Foi longo o inverno
sempre chuvoso
mesmo quando os olhos dormiam
a chuva sentia-se nas pálpebras mortas.
Deixei de ter vontade para sair à rua
cumprimentar as pessoas que passavam
ou mesmo querer descobrir algo para amar.

Deu-me tempo para tudo.
Para perceber quantos dias tem a alma
quantos corvos enchem um coração de luto
quantas portas se abrem, invisíveis.
Foi longo o inverno.
Tão longo como é o esquecimento.

Valor da propriedade: 50€ a favor da Associação dos Amigos dos Animais de Bragança


sábado, 3 de abril de 2010

... Como ele gostava.


A D. Bruna é talvez o cão que mais felicidade me deu tirar de um canil. Como sempre pouco sabemos da sua história anterior. Sabemos que viveu 8 anos preso a uma trela. Embora não sendo, neste caso por negligência mas por falta de verba para criar outras instalações, a verdade é que este matulão de 40 kg viveu 8 longos anos, muitos meses, milhares de dias, milhões de horas, e intermináveis segundos, preso a uma trela.
O resultado disso foi a deformação da anca ( provavelmente de estar muito tempo sentado sobre a mesma) diagnosticado pelo veterinário como uma espécie de displasia.

Fomos buscá-lo às 3 da manhã ao Estádio Nacional em Lisboa. Eu estava nervosa. Ele nem por isso. Quando nos foi entregue entrou para o carro onde mal cabia. O olhar dele era o de uma curiosidade muito tranquila. Depois da curta viagem em silêncio, subiu de elevador onde se deparou com uma sala cuja indiferença nos pareceu absoluta pois continuava a estar preso a uma trela. Dormiu ao lado do meu sofá muito sossegado e de manhãzinha partimos para o seu novo lar. Uma boa quinta com 1 hectare. Até aqui nada de novo. Deixou-se levar pelas novidades de forma tranquila sem manifestar qualquer agrado nem desagrado.
Com o passar dos dias começou a tornar-se exigente. A ganhar vida. Fechado nem pensar. Se o carro saísse tínhamos de levá-lo senão começava numa berraria infernal junto ao portão até nos convencermos que havia ali sofrimento de ser deixado para trás. E pronto. Lá abríamos o portão para sua súbita felicidade e zás. A D. Bruna corria para dentro do carro com a cauda a abanar fortemente (parecia um chicote) como quem diz a si mesmo: “ Não há volta a dar. Agora não perco um minuto”.
Viajava sempre com o focinho colado ao vidro de trás e com os olhos muito abertos a ver literalmente tudo o que mexia. As viagens para ele eram uma felicidade extrema. Não queria saber de nada nem de ninguém a não ser de se manter com os olhos coladissímos ao exterior, com a língua de fora a ver ver ver, como se o mundo lhe estivesse a escapar por cada segundo de vida. Na quinta a sua vida era uma fona. A quinta era para correr, a moto 4 um brinquedo para ele perseguir, os carros para o transportar nem que fosse por uns escassos metros, a soleira da porta, o local ideal para tirar a soneca da tarde até o sol cair. E o sofá do quarto dos cães o local ideal para uma noite bem dormida. Até à prometida fona do dia seguinte.
Vê-lo nesta felicidade era um prazer diário. Até nos fazia esquecer que ele era grande e sénior com os seus 10 anos ou mais.
Num dia em que a moto 4 andou a carregar lenha ao longo do hectare toda a manhã, a senhora D. Bruna não parou um minuto. Correu atrás da moto 4 como quem corre atrás da felicidade. Ele e os outros patolas andaram numa correria e constante brincadeira sem parar. À hora de almoço eu fui fazer o almoço e a Kangoo ( o carro matrona) saiu para ir despejar o lixo. A D. Bruna que ainda não estava satisfeito, desatou a correr esbaforido atrás do carro, contornando todo o percurso da Kangoo, pensando que íamos sair. Quando saí para a rua novamente (e por acaso) dei com ele a arfar no chão, estendido. Com a língua de fora muito aflito. Respirava a custo e gemia. Preparei o mais rapidamente que pude o carro para levá-lo ao veterinário mas a morte foi mais rápida do que eu. E num ápice ali estava eu atónita, com as lágrimas a quererem sair nem sabiam bem por onde. O esforço físico tinha sido excessivo e o coraçãozinho idoso não aguentou. O minuto seguinte durou séculos. Revivi todo o ano que vivêramos juntos . A alegria, a sofreguidão da correria, as sonecas da tarde na cadeira de baloiço com ele a dormitar aos pés. A sabedoria com que ouvia as palestras que faço para mim e para eles enquanto cozinho, com ele sentado sobre as patas traseiras e a língua de fora como quem percebe o que dizemos mas principalmente com o ar de quem compreende o que nem sabemos que queremos dizer. …A sabedoria e a tranquilidade que só um animal sénior no sabe transmitir. Há qualquer coisa de inexplicavelmente maravilhoso num animal sénior…
Tenho muitas saudades da D. Bruna. A ele faltou-lhe mais tempo para viver a vida com toda a jovialidade tardia que o corpo conseguiu reunir. A mim ficou-me a angústia de não lhe poder ter dado mais tempo assim …como ele gostava.

O tempo pleno de liberdade e felicidade foi pouco para a D. Bruna. E assim vivem milhares de outros cães neste país. Toda a vida. Presos a uma trela. Milhares de dias, milhares de horas, milhões de segundos. O que pergunto é: Alguém ganha algo com isso?
Talvez eu saiba
todos os dias o que fazer.
Talvez, lá no fundo,
até saiba como.
Melhor do que ninguém.
Talvez até me sinta disposta a isso por momentos.
Num acto de heroísmo.
De consciência.
De humanidade.
Mas a verdade é que raramente o faço.
E quando o faço
sinto-me sempre
mais verdadeira do que na verdade o sou.
Sinto-me sempre mais heroína do que na verdade posso ser.
Sinto-me sempre que desperdicei força que preciso para me salvar.

Depois volto ao fundo do poço.
E como me sinto mal por me sentir só.


Valor de propriedade: 50€
Donativo a favor da Associação dos Amigos dos Animais de Barcelos
Responsável: Patrícia Ramalho: 91 1970207- NOVO CONTACTO (se não atender deixe por favor mensagem, ligar preferencialmente entre as 19H e as 22H, não atendemos números não identificados)
Mail:animais.barcelos@gmail.com

NOVO NIB: 0033.0000.45377247670.05 (para donativos, enviar p.f. mail com data e valor da transferência se possível).

domingo, 28 de março de 2010

Os milagres acontecem.


O KATRAPOLAS É MAIS 1 CÃO DE RAÇA COMO TANTOS OUTROS QUE QUANDO MAIS PRECISAM DOS SEUS SONOS, SÃO ABANDONADOS Á SUA SORTE. DEPOIS SÃO RECOLHIDOS PELOS CANIS ONDE O SEU DESTINO NÃO AGUARDA DIAS MELHORES. QUANDO O TROUXÉMOS PARA LISBOA PARA SER ADOPTADO POR 1 CASAL INTERESSADO NA SUA ADOPÇÃO, O VETERINÁRIO ACONSELHOU K O EUTANASiÁSSEMOS PORQUE, DEPOIS DE VÁRIOS EXAMES, FOI-LHE DIAGNOSTICADO UM CORAÇÃO MAIOR K A CAIXA E UM PROBLEMA GRAVISSIMO DE CORAÇÃO, TÃO GRAVE K NÃO LHE FOI DADO MAIS DO QUE 15 DIAS DE VIDA. e POR 15 DIAS DECIDIMOS AVANÇAR COM A MEDICAMENTAÇÃO ADEQUADA QUE TANTO PODERIA ESTAGNAR O PROCESSO COMO ANTECIPÁ-LO... OS DADOS ESTAVAM LANÇADOS .E A SORTE NÃO FAZIA PREVISÕES. A VERDADE É QUE JÁ LÁ VÃO 9 MESES QUE O KATRAPOLAS ANDA TODO CONTENTE EM KIERKGARDEN ( A NOSSA QUINTA). SABEMOS K O KATRAPOLAS PODE MORRER A QUALQUER MOMENTO E ESTAMOS AVISADOS DESDE O 1º DIA K ISSO PODERÁ ACONTECER SEM AVISO. ONTEM, O KATRAPOLAS CAIU LITERALMENTE PARA O LADO. COMEÇOU A ARFAR MUITO. DEIXOU CAIR A LINGUA PARA O LADO E OS OLHOS VIDRAVAM CADA VEZ MAIS ENQUANTO O VÍAMOS DAR OS COICES E OS TERRÍVEIS SUSPIROS DA MORTE. O FIM ESTAVA ALI... AGONIZANDO NO CHÃO, DEBRUÇEI-ME SOBRE O KATRAPOLAS COM O CORAÇÃO NAS MÃOS E COMECEI A FALAR COM ELE AO OUVIDO. ENQUANTO ME DESPEDIA, COM AS RECOMENDAÇÕES K DOU A TODOS ( CONVERSA INTIMA ENTRE MIM E AS ESTRELAS K JÁ VI SUBIREM PARA O CÉU) FAZIA-LHE FESTAS ENTRE AS PATAS , JUNTO AO CORAÇÃO COMO SE INTUITIVAMENTE LHE TENTASSE MINURAR O SOFRIMENTO. ENCOSTEI O OUVIDO AO CORAÇÃO E O BATIMENTO JÁ MAL SE OUVIA. ELE ARFAVA E GEMIA COMO QUEM RESISTE Á MORTE MAS A VIDA FUGIA-LHE DOS OLHOS, DO PEITO, DO CORPO. A VERDADE É QUE, INEXPLICAVEL E IMPORVAVELMENTE, OS OLHOS VIDRADOS COMEÇARAM NOVAMENTE A MEXER, O PALPITAR DO CORAÇÃO REGRESSOU AOS POUCOS AO MEU OUVIDO E ELE MUITO QUIETO NO CHÃO PEDIA-ME COM A SUA GRANDE PATA DE SÃO BERNARDO QUE NÃO PARASSE DE LHE FAZER FESTAS E, SE CALHAR, QUE NÃO PARASSE DE FALAR COM ELE. OS GRANDES E ASSUSTADOS OLHOS DELE SEGUIAM-ME OS PASSOS SEMPRE QUE IA Á TORNEIRA BUSCAR ÁGUA PARA LHE MOLHAR A BOCA. ELE BEBIA E PEDIA-ME FESTAS COM A GRANDE PATA. E EU PEDIA-LHE QUE RESISTISSE. E ELE COMO SE ME QUISESSE AGRADECER CONSEGUIU RESISTIR A UM FORTE ATAQUE DE CORAÇÃO. PASSADA MEIA HORA LEVANTOU-SE, DEU 2 PASSOS PARA ME SEGUIR MAS VOLTOU A DEITAR-SE... DESCANSOU. E JÁ LÁ VÃO 2 DIAS QUE O KATRAPOLAS ANDA DE 1 LADO PARA O OUTRO, CANSADO SIM. MAS TÃO CONTENTE QUE NÃO ME LARGA 1 MINUTO COMO SE ME DISSESSE: SE EU VOLTAR A CAIR NO CHÃO, VOLTAS A SALVAR-ME A VIDA? E que outra coisa seria possível fazer por 1 animal que me tem feito sentir, durante 9 improváveis meses, momentos de verdadeiro amor e dedicação que raramente consigo sentir entre humanos! A vida não lhe será longa . Mas tenho a certeza k estes 9 meses que lhe consegui dar, foram um presente que me ofereci a mim mesma tão maravilhosos que chorarei para sempre de saudade. Será que os donos ainda se lembrarão dele ? ou já terão arranjado outro? talvez agora com 9 meses...

Gostar de animais ou gostar da ideia de se gostar de animais


Gostar de animais é e será um assunto cada vez mais controverso. Uns gostam de animais no seu habitat mais puro. Outros por sua vez preferem humanizá-los ao ponto de os obrigar a viver como se humanos fossem e outros apenas gostam da ideia de se gostar de animais. Ou seja, gostam de animais de uma forma abstrata , longe dos actos, das acções , do coração e do esforço que o gostar de animais implica. Gostam dos que pontualmente idealizam ter mas não têm qualquer simpatia pelos restantes. Falam de animais apenas para ficarem bem na conversa onde o assunto é aceite. Gostam dos animais de raça, dos rafeiros nem tanto. E assuntos delicados como a situação dos animais nos canis públicos ou o abandono nas férias são assuntos desinteressantes a ponto de se mudar de tema sem que ninguém perceba que a ida ao centro comercial foi importante realçando-se a nota que se gosta muito de animais principalmente aqueles que estavam na loja do centro comercial, para venda por 600€, lindos, fofinhos e "que me deram mesmo vontade de levá-los todos para casa". Afirmam a pés juntos que adoram animais e "que usar peles não tem nada a ver". "As pessoas que ajudam os animais são umas heroínas", E o exemplo de que se lembram de repente é a ... "Pamela Andersen" ( dizem em tom de exclamação) . Nunca se verá destas pessoas uma ajuda, um acto, uma conversa concreta em relação a um animal. Nunca veremos partir de uma destas pessoas um momento de reflexão sobre a pergunta: para onde vão todos os animais abandonados neste país e o que (e como) fazem com eles? No entanto são as que se evidenciam mais numa conversa de café, numa sala de espera de cabeleireiro, numa tertúlia de amigos em que no alongar da conversa se ouve mesmo dizer que é uma das suas prioridades é ajudar um animalzinho abandonado. O que me choca nesta reflexão é a incongruência numérica. Há tantas pessoas assim. E há sempre tão poucas ajudas...